Pequenas empresas investem em novos planos de remuneração variável
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Pequenas empresas investem em novos planos de remuneração variável


Oferecer bônus ou ações da companhia aumenta comprometimento, mas exige transparência
     
Pequenas empresas estão adotando meios diferentes do tradicional PLR (Participação nos Lucros e
Resultados) para oferecer remuneração variável aos funcionários.
Entretanto, esse tipo de estratégia exige que a companhia esteja preparada para revelar dados sobre
o negócio aos profissionais.

A Cazamba, empresa de customização de publicidade on-line com 12 funcionários, criou uma política de bônus mensal. O pagamento é em dinheiro (até um salário a mais).
O presidente-executivo Stefan Schimenes, 28, explica que foram criadas metas para cada funcionário e setor, como entrega de campanhas de acordo com o cliente, objetivos comerciais, desenvolvimento de produtos e manutenção do site.
"Foi algo discutido em reuniões com todos para aprovação. Com isso estamos vendo mais comprometimento e mais clientes chegando. Um dos funcionários conseguiu se destacar muito e foi até convidado a virar sócio", diz.

Cássio Mattos, diretor da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos), diz que, para dar certo, esse tipo de benefício pressupõe transparência nos números.
"A companhia precisa estar preparada para mostrar alguns de seus resultados, como o faturamento ou as vendas. Os planos só dão certo quando o funcionário entende de verdade qual é sua participação", diz.

Outro tipo de remuneração variável até então pouco disseminado entre pequenas e médias companhias são as chamadas "stock options", que não são tratadas na legislação trabalhista brasileira.
Nesse sistema, a empresa permite que funcionários recebam ações da corporação.

A companhia deve ter estrutura legal de sociedade anônima e possuir um conselho de administração, que fará um plano de outorga e escolherá o beneficiado.

Com a compra, o profissional passa a fazer parte do contrato social e seu contrato de trabalho fica suspenso, já que ele passa a ser sócio.

O shopping virtual MuccaShop, que reúne cerca de 300 lojas de moda, vestuário e acessórios, começou a utilizar esse sistema há cerca de um ano para seus 15 funcionários. As ações têm um valor baseado no valor da empresa, que é calculado multiplicando o faturamento por dois. A companhia
foi dividida em 1 milhão de ações e, se os funcionários atingem as metas, ganham um certo número de papéis.

O funcionário não pode vender as ações para terceiros. Se sair da empresa, será obrigado a vendê-las para os sócios no valor do momento.

"É uma forma de fazer eles se sentirem donos do negócio e de cobrar mais facilmente as metas. Já atingimos 1 milhão de acessos por mês após esse comprometimento maior", destaca Carlos Fertonani, 36, sócio-fundador da loja virtual.

CUIDADOS

Apesar dos benefícios para o aumento da produtividade que a remuneração variável traz, há regras e precauções que as empresas precisam cumprir para não ficarem sujeitas a ações trabalhistas movidas pelos empregados.

Do mesmo modo, tanto a corporação quanto os empregados podem ficar expostos a questionamentos da Receita Federal caso os tributos não sejam recolhidos ou não declarados no Imposto de Renda.
O advogado Fabio Medeiros, do escritório Machado Associados, diz que, no caso do plano de ações, as empresas correm o risco de processos trabalhistas movidos pelos empregados com pedido de que o valor dos papéis seja considerado salário.

Há ainda o risco de autuações pela Receita caso os valores das ações não sejam considerados pelo empregador como base de cálculo das contribuições sociais (previdenciárias e de terceiros).

A loja virtual de produtos para bebês e crianças Bebê Store adota planos de bônus e de "stock options", mas procurou se precaver de riscos com a formalização dos acordos em contratos sociais com os profissionais.

"Procuramos deixar tudo claro ao funcionário, incluindo a remuneração variável em todos os comunicados do RH. Há dois anos usamos esse sistema e alcançamos aumento de usuários e vendas", conta o presidente-executivo Leonardo Simão, 37.  Por Reinaldo Chaves Fonte: Folha de São Paulo Leia mais em contabeis 06/10/2014



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