Marcas e Empresas
Varejistas mudam operação para acelerar retomada
Galló, da Renner, considera a hipótese de começar a operar com franquias
Depois de serem afetadas pelo desaquecimento no consumo em 2011, e do aumento no preço do algodão que impactou as margens, as maiores varejistas de vestuário do país começam a tomar medidas que mudam a forma como operam. Aumento na importação e mudanças no portfólio são algumas das decisões. Com ações em Bolsa, as redes têm sido questionadas pelo mercado a respeito de ações que criem espaço para uma retomada mais veloz de resultados em 2012.
Lojas Marisa e Renner têm se movimentado nesse sentido - a primeira sentiu mais a retração do setor que a segunda. E a Riachuelo deve informar, em alguns dias, detalhes de seu plano de negócios para o ano, na apresentação de resultados aos investidores.
Com operação mais focada na classe C do que as concorrentes, a Marisa tem dito que vai ampliar o portfólio com itens de maior rentabilidade e, assim, melhorar indicadores operacionais neste ano. Já está decidido, por exemplo, que a rede vai começar a vender calçados em 30 lojas (com mais de 1,5 mil metros quadrados) a partir de abril. Outros 30 pontos iniciam a venda dessa linha no segundo semestre.
Sapatos podem ser vendidos por preços 2,5 vezes maiores que a linha de vestuário, segundo pesquisa interna da rede. De 2010 para 2011, a margem Ebitda da Marisa caiu de 22,5% para 19,7% e o lucro líquido diminuiu 15%. "Podemos usar os calçados para reduzir a participação de categorias de produtos com pior performance", disse Roberto Sampaio, diretor de compras da Marisa.
Além disso, a rede Marisa Lingerie passará a vender roupas de ginástica e de praia em 19 dos 26 pontos, apurou o Valor. Desde o ano passado, a empresa tem reforçado a necessidade de diluir despesas (inclusive com demissões e redução de níveis hierárquicos) e aumentar a produtividade como parte de um plano até 2015.
A rede C&A também foi afetada pela perda no ritmo de crescimento nas vendas no terceiro trimestre de 2011, segundo fonte próxima à companhia. Para este ano, a C&A selecionou pontos para abrir a primeira loja em cidades onde não atua ainda, na tentativa de evitar canibalização de unidades antigas, protegendo rentabilidade.
"Não existe um projeto de inaugurações excessivamente agressivo, porque eles têm uma preocupação com caixa. Deve ser no mesmo ritmo de 2011, ou seja, até com menos aberturas do que outras redes", disse a fonte. A C&A abriu 23 lojas no Brasil em 2011. A Renner inaugurou 30 e a Marisa, 59. Para 2012, a Renner projeta 30 novos pontos e a Marisa, 33.
Maior rede varejista de moda do país, a Renner fez ajustes em 2011 e continua a anunciar mudanças. "Controle de despesas, gestão de estoques e capacidade de reagir rapidamente nos tem garantido uma boa operação", disse a analistas o presidente da Renner, José Galló. A empresa decidiu não trabalhar mais com a sua marca feminina Request, com o intuito de tornar a carteira de marcas próprias mais enxuta, apurou o Valor. A rede tem nove marcas. Também houve, pela primeira vez na empresa, um aumento no índice de importação de produtos na coleção primavera/verão, que se mantinha estável há anos, na busca por melhores margens.
O câmbio não pressionou os ganhos com a importação e a empresa ampliou a compra no exterior da nova coleção outono inverno em relação ao ano anterior. "Nós vamos começar a ter benefício do produto importado ao longo de 2012. No quarto trimestre, nós tivemos um pequeno benefício em relação ao produto nacional", disse à analistas Adalberto Santos, diretor da Renner.
Fonte:valoreconomico14/03/2012
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