Marcas e Empresas
Consolidação no mercado de refeições coletivas
O mercado de refeições coletivas vive dias agitados. Ontem, a Gran Sapore, uma das maiores do setor no país, comprou o controle da gaúcha BQ Benefícios, administradora de vales-refeição e alimentação com 3 mil clientes e cerca de 150 mil usuários, principalmente na região Sul. Na semana que vem, a paulista Nutrin vai anunciar a aquisição de uma concorrente de menor porte, de Minas Gerais e dentro de duas semanas, a líder de mercado GRSA deve divulgar a compra de uma empresa de refeições da região Sudeste, com faturamento anual de R$ 60 milhões.
Os negócios fazem parte de um movimento de aquisições esperado. No ano passado, GRSA e Nutrin já afirmavam que comprar concorrentes fazia parte de suas estratégias de expansão.
Com cerca de 900 empresas em operação no país, segundo cálculos da Aberc (associação do setor), o mercado de refeições coletivas tende à consolidação. Mais de 80% do faturamento anual do setor, de R$ 9,5 bilhões, está nas mãos de 100 companhias. A maior delas, a GRSA, que pertence ao grupo inglês Compass lidera com 17% de participação. Em seguida vem Gran Sapore, com faturamento de R$ 900 milhões, Puras (R$ 767 milhões) e Sodexo (R$ 730 milhões).
"As compras aceleram o crescimento e abreviam o 'pay back' ao acionista", diz o diretor-geral da GRSA, Paulo Pires. É uma maneira de aumentar vendas e diluir custos fixos. A companhia pretende crescer 15% no ano fiscal que se encerra em 30 de setembro.
É o mesmo raciocínio que pauta a estratégia da Nutrin, que faturou R$ 115 milhões em 2008 e pretende crescer 18% neste ano, apesar do cenário econômico de desaceleração. Nenhuma das duas companhias revela o nome das empresas que estão sendo adquiridas. As compras concluídas agora já vinham sendo negociadas há vários meses e foram iniciadas antes do agravamento da crise financeira mundial, em setembro.
Mas é praticamente consenso no mercado que, com o novo contexto, esse movimento deve se intensificar. "Há uma tendência de consolidação que deve ser acelerada", diz o presidente da Gran Sapore, Daniel Mendez.
Com todas as empresas preocupadas em reduzir custos e renegociar contratos, a competitividade entre prestadores de serviços, como os fornecedores de refeições corporativas, ficou mais acirrada. E nem todos têm condições de reduzir o preço cobrado dos clientes sem que sua saúde financeira seja fatalmente afetada. Além disso, as demissões, férias coletivas e licenças remuneradas nas indústrias - que respondem por 65% da receita do setor - têm provocado queda nos faturamentos. Some-se a isso o aperto no crédito e é fácil concluir porque muitas companhias têm batido à porta das grandes do setor. "Nesse momento, a saída para muitas empresas é buscar parcerias, fusões ou mesmo a venda do negócio", diz Rogério da Costa Vieira, vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (Aberc).
De outro lado, a crise acabou adiando alguns negócios. Além da empresa de refeições do Sudeste, está nos planos da GRSA desde o início do ano passado a aquisição de uma fornecedora de serviços corporativos de apoio (como jardinagem, recepção, limpeza e manutenção predial), para crescer nesse segmento, em que sua atuação hoje é pequena.
A aquisição da Sapore tem o objetivo de avançar em um segmento novo mais rapidamente, inclusive criou em agosto a Sapore Benefícios, para entrar na área de cartões-alimentação. A previsão inicial era investir R$ 35 milhões em dois anos na operação. Com a compra, esse investimento - redimensionado para R$ 30 milhões - será feito em um ano. A BQ será absorvida pela Sapore Benefícios. No ano passado, a BQ faturou R$ 250 milhões. Com ela, a Sapore pretende atingir R$ 1,5 bilhão em 2009.
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