Marcas e Empresas
Ofertas de R$ 5 bi testam investidor
A partir da próxima semana, cinco empresas brasileiras dos mais diversos setores vão disputar a atenção e - principalmente - os recursos dos investidores. BTG Pactual, Qualicorp, Fibria, Unicasa e Locamérica vão vender entre R$ 5,2 bilhões e R$ 7,5 bilhões em ações na bolsa de valores, dependendo do volume e do preço dos papéis que serão comprados.
De uma só vez, essas empresas vão testar o apetite dos investidores. Desde julho do ano passado, quando a Abril Educação chegou à bolsa, não há estreias de companhias no pregão. Neste ano, o lançamento de pelo menos uma companhia já naufragou: a operadora de turismo Brasil Travel.
Agora, a concentração de tantas ofertas em poucos dias, em um momento em que os investidores têm sido mais reticentes, tende a ser prejudicial à colocação das distribuições.
Quem deve encontrar mais dificuldade são as empresas novatas e que saíram com operações muito próximas do tamanho mínimo aceito pelo mercado, na casa dos R$ 500 milhões - caso da fabricante de móveis Unicasa e locadora de automóveis Locamérica.
A avaliação dos bancos de investimento é que os compradores de papéis ainda estão bastante seletivos em relação aos nomes que vão colocar em seus portfólios. Até o momento, entre as aberturas de capital, o único consenso é que o BTG Pactual não deverá ter problemas para chegar à bolsa.
"Desde o começo do ano, temos percebido que o humor dos investidores está bom. Mas as empresas estavam com receio de servir de cobaia para a reabertura do mercado. Como as empresas brasileiras estão capitalizadas, não precisavam se arriscar", diz o executivo de um banco de investimento. "Estamos constatando que as reuniões com investidores estão lotadas para a apresentação de algumas empresas."
A largada será na terça-feira, 17, com a operadora de planos de saúde Qualicorp concluindo sua oferta subsequente. A operação é secundária, sem recursos novos para a companhia. O fundo de "private equity" Carlyle deverá vender 40% de sua fatia na empresa, que hoje é de 39,7%. O fundo só poderá ofertar os outros 60% a partir de julho de 2012, conforme estabelecido na oferta inicial. O fundador José Seripieri Junior também reduzirá sua fatia, devendo passar de 28,01% para cerca de 18,5%.
Com isso, a quantidade de ações da Qualicorp em circulação no mercado deverá praticamente dobrar, alcançando 65% do capital, o que é considerado como positivo pelos investidores.
No dia seguinte, quarta-feira, está previsto o fechamento do preço da locadora de veículos Locamérica, programada para ser a primeira estreia da bolsa no ano, dia 20. Essa é a menor oferta em andamento. Pelos dados sugeridos, pode variar entre R$ 333,6 milhões R$ 573 milhões. Nessa colocação, 40% é em venda secundária, com venda de participações dos atuais acionistas, o banco Votorantim, que reduzirá a participação na empresa de 34,6% para 6% e os fundadores Luis Fernando Porto e Sérgio Resende. Concluída a oferta, o acordo de acionistas existente entre eles será extinto.
Dos recursos que ingressarem para o caixa, 60% vai para a aquisição de veículos para expansão e renovação de frota e o restante para reforço de capital de giro. Como a distribuição é pequena, a liquidez em bolsa poderá ser uma preocupação para os investidores.
Na quinta, a Fibria Celulose deveria divulgar o valor de seus papéis, no entanto a empresa adiou em uma semana o cronograma de sua distribuição.
A nova data é 24 de abril, mesmo dia em que o BTG Pactual anuncia o valor de suas ações na abertura de capital.
No caso da Fibria, o mercado enxerga a operação praticamente como um aumento de capital, uma vez que BNDES e Votorantim Industrial devem comprar ações para não terem sua fatia atual na companhia diluída.
Por ser a maior operação em andamento, com um volume estimado entre R$ 2,6 bilhões e R$ 4,1 bilhões, a oferta do BTG poderia causar mais preocupações em relação à disputa pelo bolso do investidor. Porém, até o momento, essa é a oferta mais aguardada pelo mercado.
Além disso, uma parcela entre 11,6% e 12,9% das units - considerando o volume máximo que a operação pode atingir - deve ficar com os atuais sócios e funcionários do banco. Em volume financeiro, isso equivale a cerca de R$ 450 milhões de uma oferta que pode alcançar R$ 3,7 bilhões se considerado o preço médio da unit, de R$ 31,25. Tudo isso, porém, vai depender do apetite dos sócios e dos empregados do banco.
Para os sócios serão oferecidos 8,8% das units ofertadas, considerando nesse montante uma colocação que abrigue, além da oferta global, os lotes suplementar e adicional. Além disso, os funcionários do BTG terão prioridade na compra de 30% das units destinadas aos investidores de varejo. Isso vai equivaler a uma fatia entre 2,7% e 4,1% do volume máximo que a operação pode alcançar.
Apesar de separar um pedaço da colocação para os funcionários, o BTG não vai facilitar a compra dos papéis dando desconto ou financiando a aquisição das units, como algumas empresas já fizeram no passado.
Quem encerra a fila de ofertas é a fabricante de móveis Unicasa, cuja operação deverá variar entre R$ 436 milhões e R$ 731 milhões.
Além de pequena, essa oferta é majoritariamente secundária - 65% dos papéis serão vendidos por seis acionistas, entre eles Alexandre Grendene, sócio da fabricante de calçados Grendene.
A parte primária será destinada ao pagamento de R$ 130 milhões em dividendos aos atuais sócios, resultado da distribuição da reserva de lucro da companhia e dos resultados de 2011. Assim como a Grendene, a Unicasa é forte geradora de caixa e poderá ser boa pagadora de dividendos. Por Ana Paula Ragazzi e Carolina Mandl
Fonte:Valor 13/04/2012
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